Se você já conta com um ótimo departamento de tecnologia, mas ainda está começando os seus investimentos em cibernética para proteger a segurança de dados sensíveis e garantir a continuidade do seu negócio, é importante direcionar esses investimentos de maneira estratégica.
Infelizmente, o cibercrime só faz avançar e ascensão de novas tecnologias também cria uma superfície maior de atuação para pessoas mal intencionadas.
Nesse contexto, o grande desafio dos gestores é direcionar os investimentos em segurança cibernética de maneira adequada, mantendo uma boa gestão de vulnerabilidades e de riscos.
Mas quando não há uma priorização das demandas mais proeminentes, a tendência é que os resultados da criação de uma estrutura de segurança cibernética não sejam satisfatórios.
Logicamente, a otimização de recursos é um objetivo de todo gestor e muitas empresas não contam com um orçamento muito elevado para investir em segurança cibernética.
Assim, quando se está criando uma nova área de segurança, é importante priorizar os investimentos para maximizar seu impacto positivo e seu retorno.
Isso significa que, pelo menos a princípio, sua empresa não vai desenvolver estratégias práticas que dissolvam absolutamente todos os possíveis problemas relacionados à segurança digital.
Com o passar do tempo, a empresa vai ganhando maturidade na área e, a partir da análise de dados concretos, os gestores conseguem criar uma estrutura robusta de segurança cibernética.
Porém, é preciso começar pelas prioridades e avançar no mundo da cibersegurança conforme os riscos e vulnerabilidades específicos da sua empresa.
Se o seu negócio está passando pela criação de um departamento de segurança cibernética, começando a contratar os primeiros profissionais desta área ou implementando os primeiros processos, continue a leitura deste conteúdo.
Nos próximos tópicos, vamos falar sobre as principais frentes que você deve priorizar ao fazer seus primeiros investimentos para manter sua empresa segura, além de parâmetros que podem ser seguidos para que você alcance resultados satisfatórios sem correr o risco de direcionar os esforços e investimentos de forma inadequada.
Continue a leitura!
Ações a serem priorizadas na área de segurança cibernética
De maneira geral, podemos dizer que uma boa estratégia de segurança cibernética deve mobilizar esforços nas áreas de mapeamento de riscos e gerenciamento de vulnerabilidades.
Paralelamente, é fundamental buscar o engajamento e a conscientização da sua equipe, com a promoção de treinamentos e o estímulo às novas sugestões, bem como às críticas.
Por fim, é importante mencionar a relevância do investimento em tecnologias de segurança estratégicas, como as soluções de segurança de rede e de dados.
Portanto, podemos resumir nessas quatro frentes de atuação, que devem funcionar de maneira interconectada, a promoção de uma estrutura satisfatória de segurança cibernética.
Vamos falar sobre cada uma delas em seguida.
Mapeamento de riscos
Cada empreendimento possui suas especificidades quando o assunto são os riscos corridos em relação à segurança cibernética.
É claro que existem vulnerabilidades e estratégias cibercriminosas que são recorrentes e podem prejudicar empresas das mais diversas áreas.
Mas, ao investir em segurança cibernética, você precisa proteger o seu negócio prioritariamente contra os riscos específicos corridos por ele — os riscos que representam os maiores problemas para a continuidade das atividades da empresa.
Então, não é porque um determinado tipo de ataque cibernético tem ocorrido com frequência vitimando outras empresas que você vai buscar preveni-lo sem antes fazer um mapeamento de riscos.
Pode ser que este ataque realmente tenha grandes chances de ser aplicado contra o seu negócio, mas pode ser que você também esteja correndo riscos maiores.
A única forma de direcionar os seus investimentos em segurança cibernética de forma assertiva é a partir do mapeamento de riscos.
Então, antes de tomar medidas práticas para proteger a sua empresa, é preciso saber contra o que, exata e detalhadamente, ela precisa se proteger.
O processo de mapeamento de riscos inclui uma avaliação completa das ameaças, vulnerabilidades e impactos que a sua empresa está enfrentando e pode vir a enfrentar.
Investir em uma solução de mapeamento de riscos é importante para garantir que a equipe de segurança cibernética tenha uma compreensão clara e atualizada dos riscos enfrentados pela empresa.
O mapeamento de riscos pode ser elaborado tendo como parâmetro normas específicas, como a ISO/IEC 27005.
Nesse processo, também é possível encontrar problemas operacionais relacionados ao tratamento de dados, à infraestrutura e ao capital humano da empresa.
Não existem regras estabelecidas de forma universal a serem seguidas em um mapeamento de riscos, mas, em geral, ele passa por três etapas:
- Inventários da infraestrutura de tecnologia da empresa, incluindo softwares e hardwares e avaliando sua utilização, localização e quantidade de usuários, bem como as potenciais falhas e sua vida útil;
- Diagnósticos de riscos ligados aos itens do inventário, com a contextualização de cada um deles e a associação a questões como problemas de governança, falhas operacionais e estruturais e falta de recursos;
- Identificação das chances de materialização dos riscos, ou seja, uma compreensão sobre as probabilidades de ocorrência e o impacto que seria causado por cada risco.
A partir da análise desse mapeamento completo, que deve ser concebido como um processo contínuo, você pode partir para o gerenciamento das vulnerabilidades do negócio.
Gerenciamento de vulnerabilidades
Quando você conhece a fundo os riscos de segurança cibernética corridos pelo seu negócio, fica mais claro por onde você deve começar o seu gerenciamento de vulnerabilidades.
Muitos riscos estão diretamente associados a vulnerabilidades de segurança para as quais você pode mobilizar esforços de mitigação imediatamente.
Outras vulnerabilidades não representarão riscos iminentes e poderão ser sanadas a médio prazo à medida que os maiores riscos forem combatidos.
Esse conhecimento sobre as especificidades relacionadas à segurança cibernética dentro da sua empresa é fundamental para saber se um risco que têm afetado empresas do seu segmento também é um risco para você.
Pode ser, por exemplo, que sua empresa não seja exatamente suscetível a determinado tipo de ataque cibernético ou, pelo contrário, pode ser que sua infraestrutura de tecnologia apresente vulnerabilidades compatíveis com esse tipo de ataque.
Você certamente vai encontrar vulnerabilidades. Isso é um fato. Mas será necessário geri-las de acordo com o grau de risco que cada uma delas representa.
As vulnerabilidades mais perigosas, obviamente, precisam estar no topo da sua lista para serem corrigidas. Mas você também precisará analisar quais podem impactar os ativos mais importantes para o negócio.
Nesse sentido, é essencial que a equipe de segurança cibernética conte com as ferramentas e capacidades necessárias para gerenciar as vulnerabilidades identificadas no mapeamento de riscos.
Isso inclui a capacidade de corrigir vulnerabilidades de forma eficiente e monitorar a eficácia das correções.
Investir em uma solução de gerenciamento de vulnerabilidades é importante para garantir que as vulnerabilidades sejam corrigidas de forma eficiente e que a equipe de segurança cibernética possa monitorar continuamente a eficácia das correções.
É importante lembrar também que um sistema que não apresenta grandes vulnerabilidades hoje pode apresentar amanhã, devido ao avanço constante das técnicas cibercriminosas.
Isso significa que, assim como ocorre com o mapeamento de riscos, a gestão de vulnerabilidades deve ser um processo contínuo.
Justamente por isso é importante investir em um bom scanner de vulnerabilidades, que acompanhe essas mudanças e possa ser executado periodicamente.
Treinamento e conscientização
Além de investir em tecnologias de segurança, é importante investir também em treinamento e conscientização para garantir que todos na empresa estejam cientes das melhores práticas de segurança cibernética.
As melhores ferramentas de segurança têm sua eficiência condicionada à atuação da equipe envolvida.
Sendo assim, todos os colaboradores precisam não apenas estar cientes de que a empresa está adotando novas práticas e ferramentas com vistas à promoção da segurança cibernética, mas também manter-se engajados nesse propósito.
São muitos os casos em que a falta de envolvimento da equipe como um todo prejudicou de forma decisiva a implementação das estratégias de segurança cibernética.
Se não compreenderem verdadeiramente a necessidade das novas práticas e como elas devem ser executadas, os profissionais envolvidos tendem a negligenciar a questão.
Isso ocorre com frequência não por uma falta de profissionalismo, mas porque os colaboradores veem as novas práticas como uma “burocracia inútil”.
Então, para obter bons resultados no mapeamento de riscos e no gerenciamento de vulnerabilidades, é preciso envolver a sua equipe em todo o processo.
Isso inclui treinamentos e capacitações regulares não apenas para os colaboradores da área de segurança cibernética, mas para todos os funcionários da empresa.
Esses treinamentos devem ter tanto um viés de conscientização, salientando a relevância de cada nova prática e ferramenta, quanto uma abordagem prática sobre ações a serem executadas para proteger informações sensíveis.
No caso da equipe envolvida diretamente na implementação da sua estratégia de segurança cibernética, os treinamentos precisam ser ainda mais constantes e focados no avanço das tecnologias.
Cursos de capacitação em áreas específicas e focados na mitigação das principais vulnerabilidades detectadas pela empresa também são muito bem-vindos.
Lembre-se de que, como as tecnologias evoluem numa velocidade acelerada, os cursos e treinamentos também precisam acompanhar este ritmo.
Soluções de segurança de rede e de dados
Além do investimento nos três segmentos apontados acima, é importante contar com soluções de segurança de rede e de dados compatíveis com as necessidades do seu negócio.
Algumas soluções, como o firewall, são essenciais, mas existem outras categorias que devem ser escolhidas de acordo com a necessidade da sua empresa.
Por exemplo, se sua empresa é adepta do teletrabalho ou do trabalho híbrido, a segurança de rede passa a ser um assunto ainda mais importante.
A computação em nuvem utilizada em larga escala também é um fator que eleva a importância das soluções de segurança de rede e de dados.
Enfim, independentemente do segmento de atuação da sua empresa e do tamanho dela, você vai precisar dessas soluções já no início da implementação da sua estratégia de segurança cibernética.
Parâmetros para uma estratégia de segurança cibernética eficiente
Como vimos, não existem regras universais para a condução da sua atuação nas diferentes frentes da segurança cibernética apontadas acima.
Mas você pode seguir parâmetros ou recomendações elaboradas por especialistas na área, como os CIS Controls V8 ou o Essential 8 Maturity Model.
Vamos falar sobre essas duas possibilidades em seguida.
CIS Controls V8
Os CIS Controls correspondem a um conjunto de ações recomendadas para a defesa cibernética que indicam formas específicas e acionáveis de interromper os ataques cibernéticos mais difuldidos e perigosos atualmente.
A sigla “CIS” corresponde à abreviação de Center for Internet Security, a organização que desenvolveu os controles de segurança, e o “V8” corresponde à indicação que esta é a oitava versão dos controles publicada.
Essa atualização periódica é fundamental para o acompanhamento do ecossistema cibernético, que passa por constantes mudanças.
Os CIS Controls são baseados da definição de grupos de implementação das ações de segurança cibernética, sendo o IG1 a definição de higiene cibernética básica.
Ou seja, este primeiro grupo é um conjunto fundamental de salvaguardas de defesa cibernética que representa um padrão mínimo de segurança da informação para todas as empresas.
Há também o IG2 e o IG3, que correspondem a padrões mais avançados em relação à proteção contra os ataques cibernéticos.
Os CIS Coontrols correspondem atualmente a 18 controles com um total de 153 salvaguardas. Cada salvaguarda sugere uma ação, de forma clara e consistente, sem necessidade de grandes esforços interpretativos.
O foco são as tarefas independentemente de quem está executando os dispositivos e os controles apontam para padrões independentes existentes e recomendações de segurança nesses locais.
Essential 8 Maturity Model
Os Essential Eight ou “Oito Essenciais” correspondem a um modelo desenvolvido pelo Australian Cyber Security Center (ACSC) para ajudar organizações a mitigar incidentes de segurança cibernética e se protegerem das ameaças.
Trata-se da definição de estratégias de mitigação prioritárias, que foi publicada pela primeira vez em 2017, mas recebe atualizações regulares.
O modelo baseia-se na experiência do ACSC na produção de inteligência de ameaças, respondendo a incidentes de segurança cibernética e conduzindo testes de penetração.
Ao implementar o Essential Eight, as organizações devem identificar um nível de maturidade alvo adequado para seu ambiente e implementar progressivamente cada nível até que essa meta seja alcançada.
Como as estratégias de mitigação que constituem os Oito Essenciais foram projetadas para complementar umas às outras e para fornecer cobertura de várias ameaças cibernéticas, as organizações devem planejar sua implementação para atingir o mesmo nível de maturidade em todas as oito estratégias de mitigação antes de passar para níveis de maturidade mais altos.
Os níveis de maturidade possíveis, de acordo com os Essential Eight, são quatro e vão de zero a três.
Com exceção do nível de maturidade zero, eles são baseados na mitigação dos níveis crescentes de ofício do adversário.
Para saber se a sua estratégia de cibersegurança está sendo eficiente, você também pode acompanhar o score de segurança .
Trata – se de uma pontuação que revela o nível de proteção atingido pela empresa no ambiente digital . Até o próximo conteúdo!